Destaques

6/recent/ticker-posts
header ads

Motéis investem em troca de casais e ‘glory holes’ para frequentadores

 

Movimento de inovação na motelaria busca atrair público mais jovem e abranger gama mais ampla de fetiches

Não há limite para a imaginação entre quatro paredes. Esse universo particular e, ao mesmo tempo, ilimitado de possibilidades de prazer é o objeto de estudo de um movimento de inovação em motéis paulistanos. O objetivo é atrair um público mais jovem e diverso, como é o caso do Nuu Motel, localizado no Tatuapé, ou abranger uma gama mais ampla de gostos e fetiches, como as novidades do Motel QUO, no Butantã. Além do design diferenciado, ambos estimulam o sexo de novas formas.

Imagine o seguinte cenário: você entra acompanhado de seu parceiro ou parceira em um quarto com uma janela coberta por uma persiana. Do outro lado, há um casal desconhecido. O primeiro contato acontece por meio da voz, com microfones iguais aos de uma bilheteria de cinema. As duplas podem, então, subir a persiana e abrir a porta que conecta os espaços.

header ads

Muitos casais da turma do swing pegavam sempre duas suítes, cada um na sua, e depois se encontravam em uma só”, conta Robson Marinho, criador do quarto duplo, novidade no Motel QUO. Com diárias que variam de 267 a 439 reais, o lançamento é uma das muitas invenções criativas e sensuais do empresário, que trabalha no ramo desde 1989.

Além de uma versão de suíte com decoração inspirada no Corinthians, uma ideia bem-sucedida foi o quarto sadomasoquista baseado em Cinquenta Tons de Cinza. “Ao matricular meu filho na escola, percebi que a recepcionista estava lendo o primeiro livro da trilogia. Assim fiquei sabendo do quarto vermelho de Christian Grey.” Trata-se de um espaço repleto de apetrechos BDSM, como chicotes, chibatas e máscaras — instrumentos que também ficam disponíveis para os casais que passam a noite no Classe A Motel, da Mooca.

No Nuu Motel, além de um espaço para BDSM, um dos destaques é a suíte Nuu.box, que oferece um boxe com “glory holes para todos os corpos”. Isto é, aberturas na vidraça na altura dos seios, do rosto e até um banco como apoio para os pés, para quem tiver fetiche. “A ideia é apresentar outras criações além dos glory holes fálicos”, afirma Luciana Ligeiro, criadora da marca e arquiteta que assina o projeto pelo escritório Rodapé Arquitetura. “Cada suíte tem uma proposta diferente de luz, estética e estímulos sexuais”, acrescenta.

As estadias vão de 99 a 299 reais. Há ainda o projeto do Nuu.bar, um quarto acessível para cadeirantes, e da Ala Festa, que também terá ambientes integrados.

O espaço no Tatuapé já pertencia ao negócio de sua família (MZL Empreendimentos), que é de moteleiros, e hospedava um clássico motel dos anos 2000 até a primogênita ser convidada a repaginá-lo. A reinauguração ocorreu em agosto do ano passado, com a proposta de ser um lugar mais inclusivo. “Tínhamos o desafio de reformular o imaginário comum desse espaço na cidade, que é cheio de estigmas, mas também de curiosidade”, diz.

Esse sempre foi um lugar masculinizado, muitos amigos LGBTQIA+ não se sentiam bem. Queríamos criar um espaço convidativo e acolhedor.” A fórmula tem obtido sucesso, atraindo hoje “todo tipo de cliente, do cara mais rico que chega com carrão até o público mais jovem que não tem onde transar”.

Tudo isso para ressignificar a experiência do motel. Em seu manifesto, o Nuu defende que “o sexo pode ser um espetáculo, um enaltecer dos corpos, uma exploração de sensações”. “No motel, não existem barreiras”, completa Marinho.

header ads